Depois, também não é verdade que a Festa não seja notícia, nos últimos anos a comunicação social e os comentadores de serviço não se têm poupado a falar dela. Este ano têm estado calados à espera que chova, que seja servido um ovo estragado ou que esteja lá um sinal à entrada com a proibição de acesso a animais. A Festa passa sempre na televisão, no mínimo com trinta segundos do discurso do secretário-geral, correspondente a uma frase criteriosamente selecionada ou então duas ou três entrevistas a pessoas comuns, retiradas dum painel de vinte ou trinta tentativas, que disseram aquilo que o dono queria ouvir.
Estarei com os críticos da relação da comunicação social com a Festa se a manifestação do seu desagrado tiver o objetivo perverso de “quanto mais nos queixarmos, pior eles farão!”. Isto porque uma das características que me agrada na Festa é precisamente a sua natureza não mediática - a Festa como um segredo cúmplice dos que lá vão. Se um dia a televisão e os jornais fizessem um trabalho jornalístico adequado à vivência da Festa, a mesma seria desvirtuada porque seria invadida pelas gentes cuja agenda é determinada pela TV e pelo Correio da Manhã. Simultaneamente, a afluência de muito mais gente esgotaria a capacidade da organização, stressando os serviços e alterando significativamente os perfis tradicionais dos festivaleiros.
A Festa emociona-me enquanto for assim. Sugiro até que, para o ano, a organização não faça publicidade e afixe os cartazes habituais dizendo apenas: este ano a Festa do Avante, que se realiza nos dias 7,8 e 9 de setembro, não tem publicidade.
1 comentário:
Será que o Jerónimo vai lá?
Ou arrumou as botas de vez?
Ele agora é um senhor reformado da classe média e não pode (deve) misturar-se com a ralé operária!
Enviar um comentário