domingo, 20 de outubro de 2024

Comprem! Comprem! Leiam! Leiam!

Volto a publicar. Depois d "o bácoro que me persegue", "o homem que me persegue". 


Comprar um livro é fácil: 
reidosleittoes@gmail.com; 
o endereço do destinatário; 
10 euros incluindo os portes de correio;
pagamento no fim de recebida a encomenda na forma de "logo se vê", que é como quem diz, a combinar. 
encomendas às ninhadas tem desconto do iva.  
isto é o que se chama matar um bácoro e dois coelhos com uma cajadada - sim, porque entenderei a vossa correspondência como uma prenda.

Picado por próximos decidi um dia publicar sob o título “O bácoro que me persegue!". Teve tudo a ver com o blogue Rei dos Leittões, com o “material” que aqui tenho acumulado ao longo de anos e que estava à mão para se fazer uma publicação com acrescento de pouco trabalho.

Papel é papel, livro é livro e, se memória futura se deseja, tenho medo que um dia os discos magnéticos, a nuvem ou toda a internet, sejam atacados por uma doença informática e, dum momento para outro, horas de devaneios de escrita se evaporem no caos da atmosfera da sociedade da informação.

Sabia de antemão que não seria de esperar que quem já me conhece as crónicas se interessasse por aí além, que santos da casa, gordos de curiosidade, passassem pelos buracos das fechaduras, que leitores do José Rodrigues dos Santos ou do Nicholas Sparks, gente de redes sociais, se dessem ao trabalho de adquirir um livro de bacoradas.

Sabia também que de autores menores, as editoras não procuram os ganhos com as vendas, que serão sempre escassas em linha com a discrição da divulgação, mas usurpam o necessário lucro do bolso do próprio autor.

Sabia ainda que o que escrevo, que procuro sempre num verbo que cative quem pouco lê (quem muito lê tem mais que ler), não é nada que mereça ser de banca; que o linguarejar popular e a impudência, passados a escrita, podem desagradar a culturas mais sensíveis; que o amadorismo aprisiona a ficção ao autobiográfico e que a autobiografia só se tolera depois da fama.

Por fim, teimoso no que é meu, avesso à exposição pública, temeroso à microfonia, teimei que o livro só circularia em comércio clandestino ou na candonga.

E pronto, aqui estamos em prolongamento dessas linhas com mais umas bacoradas. Sempre me senti perseguido e, no mesmo alinhamento, depois dum “bácoro”, um “homem”, sendo que, não é para esconder: eu sou esse porco infante e esse homem sombra. Mordo-me sempre, não sei sair de mim e não sinto a mosca que pousou no nariz do camarada que está, em sentido, ao meu lado na parada.

Do bácoro-livro deixo três histórias que com ele se fizeram acontecer:
1- Da primeira vez a senhora dos correios nada estranhou, lá para a terceira ou quarta, começou a habituar-se mas, como as entregas se começassem a repetir e alguns vales de correio a levassem a perceber que se tratava de negócio, um dia, ao deparar-se com mais um despacho, largou-se com um comentário:
- Está a vender bem ao que parece!
- Desculpe, não percebi!?
- O livro, só pode ser um livro que anda a vender!
- Ah! Mais ou menos! - disse eu sorrindo.
- Sabe, há pacotes que denunciam o conteúdo mas mesmo assim nos aguçam a curiosidade.
Abri a pasta e perguntei-lhe:
- Quer um? Ofereço-lho!
- Muito obrigada por me matar a curiosidade.
 
2- O meu amigo Lúcio Mouco vende velharias na feira e conhece-me por eu lhe perguntar o preço de quase tudo e não lhe comprar quase nada. Vende torneiras avariadas, lavatórios rotos, louça rachada, puxadores ferrugentos, santos partidos, vinis riscados, vende tudo, até livros velhos. Propus-lhe então, ao meu alfarrabista, a venda pública e exclusiva dum exemplar. Ele aprontou-se. É simples, rasga-se a página que tem o ano, amarrota-se um pouco, massaja-se em farinha para lhe dar pó e, como tudo, pode dar venda. E vendeu o primeiro, o segundo, julgo que ainda por lá anda entre outros no caixote da especialidade.
 
3- Não esperava que quem já me conhecesse do que escrevo me fizesse apreciações elogiosas à obra de autor de livro único ou que desconhecidos me mandassem mensagens para expressar particular agrado pelo que leram. Não tive observações especiais ao seu conteúdo mas tive ao objeto, à capa e até ao tipo de papel. Também houve um que se descaiu com descarada sinceridade: "hoje em dia qualquer um já escreve um livro!".
Arreliado com estas reações? Não! Acho normais como conhecedor maior do meu papel, do meu lugar e dimensão! ...
 
Mas o comentário mais excêntrico foi dum amigo, que ao ver-se em mãos com o objeto fez a sua primeira crítica de satisfação:
- É grosso!...



8 comentários:

Tintinaine disse...

Eu quero um exemplar. Envia logo e manda-me também o Nº do telemóvel para eu te pagar por MBWay. Pode ser assim? O endereço é só o meu nome e o código postal 4490-451-36,
sendo na cidade da Póvoa, na rua 1º de Maio e na casa 36.
Modernizai-vos, gente do meu país!!!

Janita disse...

Mau Maria! Se o livro for de bacoradas estou fora, se isso for assim a modos que uma metáfora por ser o Rei dos Leittões o escriba, já é outra conversa.
Há uma outra condicionante que não direi aqui pois posso voltar a ser insultada como já fui. e dessa pessoa eu quero distância. O desenho trouxe-me arrepios de frio.
Irei entrar em contacto com o Monarca Pata negra, e conforme a sua resposta ficarão pendentes as minhas decisões- Obrigada!

Anónimo disse...

Claro que sou de metáforas. Talvez de insultos, mal entendidos, más disposiçoes, bipolar, um dia com abraços outros com calduços. Pata.

Anónimo disse...

Entre as palavras de agradecimento ao Fernando Campos, o autor do desenho, consta: anos e anos de fotógrafos, poses e fotografias, para me resumir a estes sintéticos riscos - obrigado pá, nunca me senti tão bem representado. Janita, soy assim, não há volta a dar-lhe. Terei muito gosto em lhe vender ou dar o livro e não me impinjo em sessões de lançamentos, autógrafos ou fotos. Peço desculpa, é o meu lado mau a expressar-se. Beijinhos. Pata.

Anónimo disse...

Tintaine, acabei de escrever uma resposta e nem sinais dela. Não tenho jeito para manobra destas cousas no tlm. De qq maneira é o seguinte: podes mandar-me o endereço completo por mail?
Abraço. PATA.

Rogério G.V. Pereira disse...

Caro
senhor Rato
que também é Porco
seja qual for o bicho
que é o livro
e pago
pois não quero um rato
para meu escravo

Abraço rimado

Anónimo disse...

Rogerito! Rogerito! Rogerito não rogeiro! Em Oi Eiras receberás o bicho-livro se me deres teu paradeiro.
Abraço rato, pato e pata negra.

Janita disse...

Acho que não me expressei devidamente e por tal peço-lhe desculpa.
Eu própria já fiz a minha pesquisa e me certefiquei de que o Pata Negra é uma pessoa e o autor do desenho é outra. e foi nessa parte que me abespinhei. Nem esse senhor gosta de mim e nem eu gosto dele. E olhe que cá tenho os meus motivos. Quando alguém discorda do que dizemos, não a insultamos, mais a mais na nossa casa.
Este Monarca mesmo sendo bácoro jamais diria a uma senhora o que o desenhador me disse. E ponto final.
É evidente que quero comprar o seu livro, tanto assim que no mail que lhe enviarei, para ficar com o meu, lhe pedirei o seu NIB para efectuar o pagamento incluindo o custo dos portes. Só depois disto lhe darei a morada para onde o deve enviar.
Sempre assim fiz com todos os livros que comprei de autores da blogosfera. É essa a condição que imponho. O Rogério, o Luís Rodrigues, a Ana Martins e a Elvira Carvalho, sabem que essa a minha maneira de agir. Nem sei o que é isso do tal de MBWay que o Tintinaine fala, quero morrer sem pagar nada pela Net. Até os livros que me chegam da Wook é o meu rapaz que me os encomenda.
Obrigada, Pata Negra. :)
Não se preocupe com as sessões de autógrafos