Do blog Talvez uma Península:
Mas o que é isto?! "Que já me querem cego, surdo, mudo"...
Mas o que é isto?!É processo disciplinar por graçola sobre um primeiro ministro;
Mas o que é isto?!É processo disciplinar por graçola sobre um primeiro ministro;
é convite de exclusão por comentário a palavras de uma ministra;
é uma direcção regional a guardar "tudo o que tem saído na comunicação social, nos blogues, ..."; é a táctica intimidatória quando é convocada uma greve;
é a ameaça em mesa de negociação;
é o abuso do poder, o pontapé na Constituição da República, a punição a quem adoeça...
Ninguém trava estes ditardorzinhos de meia tigela?
É que se lhes dão corda, eles não param!
Que se passa?
Medos?
É a medo que escrevo.
A medo penso.
A medo sofro e empreendo e calo.
A medo peso os termos quando falo
A medo me renego, me convenço.
A medo amo.
A medo me pertenço.
A medo repouso no intervalo
De outros medos.
A medo é que resvalo
O corpo escrutador, inquieto, tenso.
A medo durmo.
A medo acordo.
A medoInvento.
A medo passo, a medo fico.
A medo meço o pobre, meço o rico.
A medo guardo confissão, segredo.
Dúvida, fé.
A medo.
A medo tudo.
Que já me querem cego, surdo, mudo.
José Cutileiro, Os medos, in Versos da mão esquerda, 1961.
5 comentários:
Não esmoreças joão Rato. Continua com toda a tua força. Com todo o engenho e arte.
Um abraço.
Confesso que já tive a minha semana de depressão por causa de medo. Não só por causa disso, mas tb. É mais a revolta ... Mas, cá estamos! :)
É. Nunca pensei que chegassemos a este ponto e tão depressa e ainda por cima com a conivência e força de quem se afirma defensor das políticas sociais. Se calhar o termo "social" é que difere de dicionário para dicionário.
Abraço.
pata negra:
sem força, sem engenho,sem arte e sem modéstia, escreverei até que a mão me doa!
moriae:
a única forma de responder ao medo é com a coragem e com a certeza de que não estamos sós.
Abraços e Mãos Dadas!
corcunda:
socialistas não são certamente
e democratas não agem assim!
abraço
É verdade, João. Por estes dias, percebe-se muita coisa. Quem está connosco, é sempre uma agradável surpresa, porque ninguém é obrigado a ser amigo. E quem não está, assim fica claramente.
Somos humanos e nem sempre fortes mas, há que re-erguer sempre as causas pelas quais lutamos e em que acreditamos.
Abraço,
M.
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