Num fim de tarde, estávamos quatro a jogar dominó na mesa da sala, o padrasto, as duas meninas e eu, o enteado branco, quando um homem de meia-idade bate à porta:
- Por acaso não é aqui que está hospedado um estudante de engenharia de nome José Maria?
- Está! Está! – respondeu Virgolino com a antipatia que lhe era nata, ao mesmo tempo que lhe deixava espaço para ficar do lado de dentro da casa.
- Podia chamá-lo? Diga-lhe que é o pai!...
Zé Maria estava no quarto. O pai, ao que parecia, viera à cidade visitar o rapaz e verificar in loco as condições em que vivia o filhinho. As meninas gritaram em coro, duas ou três vezes, de modo a ouvir-se no piso de cima:
- Zé Maria!? Está aqui o teu papá!
Zé Maria desceu as escadas, deu dois beijos ao pai e saíram os dois para o lado de fora deixando a porta entreaberta. Continuámos o jogo com os ouvidos dispostos ao coscuvilho da conversa entre pai e filho:
- Alguma vez te faltei com o dinheiro?
- Não papá! O que me tens mandado desenrasca-me bem!
- Então porque é que andas com esses sapatos?! Então porque é que não cortas o cabelo?
- Ora essa pai! O que é que isso importa?
- Não me tinhas contado que vivias com pretas e brancos com o aspecto como o daqueles dois que estão ali dentro!
- Oh pai!...
- A partir de amanhã deixas esta casa! Podes instalar-te num hotel se quiseres! E a próxima vez que te vir quero-te com uns sapatos engraxados e cabelo cortado, ouviste? Agora vai lá acima preparar-te como um homem que vais jantar fora com o senhor teu pai!
Quando, noite adiantada, Zé Maria regressou à “espelunca”, havia baile com merengue.
O rapaz vinha de rastos com as lições do pai pelo que foi fácil aderir à paródia. Bebeu um, bebeu dois e bebeu três mas não havia maneira de o pormos a dançar. Virgolino puxou-o da cadeira, aparelhou-se a ele ao som da música e passou-lhe a mão pelo cu.
Foi uma explosão. De repente começaram os dois aos empurrões, embrulharam-se no chão ao som dos gritos das mulheres enquanto eu, impotente, tentava a paz sem entrar na guerra. Um derradeiro soco atordoou o Zé estudante.
Acalmei Virgolino enquanto dona Graça tentava socorrer a vítima com água. As meninas davam tom à cena com um coro de choro.
Acompanhei o “mais forte” até à cozinha e este sentou-se com expressões que alternavam entre a raiva e o arrependimento. Voltei à sala e ajudei o “mais fraco” a levantar-se e amparei-o na subida das escadas até ao quarto.
- A partir de amanhã não ouvirás mais o ressonar do Zé Maria! – disse-me ele enquanto se deitava doridamente sobre o divã.
- Não te precipites! Vou mas é lá abaixo buscar gelo que o teu olho parece estar a inchar!
Desci as escadas, as meninas no sofá com os olhos na televisão mas distantes dela, o casal na cozinha em acesa discussão enquanto eu me dirigi ao frigorífico.
- Calma! Calma! Isto passa! Vim buscar gelo que aquilo está a inchar!
Às minhas palavras a discussão subiu de intensidade e pôs-me a mais na cena. Restava-me sair e ir tratar do ferido.
- Por acaso não é aqui que está hospedado um estudante de engenharia de nome José Maria?
- Está! Está! – respondeu Virgolino com a antipatia que lhe era nata, ao mesmo tempo que lhe deixava espaço para ficar do lado de dentro da casa.
- Podia chamá-lo? Diga-lhe que é o pai!...
Zé Maria estava no quarto. O pai, ao que parecia, viera à cidade visitar o rapaz e verificar in loco as condições em que vivia o filhinho. As meninas gritaram em coro, duas ou três vezes, de modo a ouvir-se no piso de cima:
- Zé Maria!? Está aqui o teu papá!
Zé Maria desceu as escadas, deu dois beijos ao pai e saíram os dois para o lado de fora deixando a porta entreaberta. Continuámos o jogo com os ouvidos dispostos ao coscuvilho da conversa entre pai e filho:
- Alguma vez te faltei com o dinheiro?
- Não papá! O que me tens mandado desenrasca-me bem!
- Então porque é que andas com esses sapatos?! Então porque é que não cortas o cabelo?
- Ora essa pai! O que é que isso importa?
- Não me tinhas contado que vivias com pretas e brancos com o aspecto como o daqueles dois que estão ali dentro!
- Oh pai!...
- A partir de amanhã deixas esta casa! Podes instalar-te num hotel se quiseres! E a próxima vez que te vir quero-te com uns sapatos engraxados e cabelo cortado, ouviste? Agora vai lá acima preparar-te como um homem que vais jantar fora com o senhor teu pai!
Quando, noite adiantada, Zé Maria regressou à “espelunca”, havia baile com merengue.
O rapaz vinha de rastos com as lições do pai pelo que foi fácil aderir à paródia. Bebeu um, bebeu dois e bebeu três mas não havia maneira de o pormos a dançar. Virgolino puxou-o da cadeira, aparelhou-se a ele ao som da música e passou-lhe a mão pelo cu.
Foi uma explosão. De repente começaram os dois aos empurrões, embrulharam-se no chão ao som dos gritos das mulheres enquanto eu, impotente, tentava a paz sem entrar na guerra. Um derradeiro soco atordoou o Zé estudante.
Acalmei Virgolino enquanto dona Graça tentava socorrer a vítima com água. As meninas davam tom à cena com um coro de choro.
Acompanhei o “mais forte” até à cozinha e este sentou-se com expressões que alternavam entre a raiva e o arrependimento. Voltei à sala e ajudei o “mais fraco” a levantar-se e amparei-o na subida das escadas até ao quarto.
- A partir de amanhã não ouvirás mais o ressonar do Zé Maria! – disse-me ele enquanto se deitava doridamente sobre o divã.
- Não te precipites! Vou mas é lá abaixo buscar gelo que o teu olho parece estar a inchar!
Desci as escadas, as meninas no sofá com os olhos na televisão mas distantes dela, o casal na cozinha em acesa discussão enquanto eu me dirigi ao frigorífico.
- Calma! Calma! Isto passa! Vim buscar gelo que aquilo está a inchar!
Às minhas palavras a discussão subiu de intensidade e pôs-me a mais na cena. Restava-me sair e ir tratar do ferido.
(Na próxima quarta há mais Quarto)
19 comentários:
Fizeste-me imprimir os quartos todos para me colocar a par desta história. Achas bem???????? :-))
Este episódio fez-me recordar uma canção antiga "coitado do Zé Maria", afinal ele que até andava um pouco a leste da trama viu-se agora guindado a protagonista de uma cena de molho, já não lhe bastava o raspanete do progenitor.
Abraço do Zé
Caramba, apalparam-lhe o cú e ainda ficou co olho a arder! E logo depois do raspanete do pai. Xiça, muito azar para um dia só.
Ninguém me tira da cabeça que o Virgolino dá mau astral àquela casa...
Pata Negra
Meninos de papá é o que dá. Eu nunca aceitei sermões desses assim do estilo de como me devia vestir e com quem devia privar.
Bom,em resultado disso, em vez de vir para a faculdade em Lisboa e receber a mesada, tive que trabalhar e os cursos ficaram para mais tarde. Mas valeu a pena.
Estas histórias apaixonam-me.
Abraço
A coisa está preta...
Esperando as cenas dos próximos capítulos
Um abraço
Compadre Alentejano
Majestade.
É injusto o que faz connosco! Lamento ter que o dizer mas, Sua Alteza Real é um sádico. Sim, um sádico! Oferece-nos uma pequena fatia de uma história cheia de «suspense» e adia por uma semana, 7 intermináveis dias 7, para desvendar, desconfio, mais um nadinha desta empolgante saga coimbrã.
Se Sua Alteza Real tivesse bom coração, um cisco de consideração pelos muitos que aqui vêem saber das aventuras e desventuras da D. Graça e dos que à volta dela gravitam, não se limitava a meia dúzia linhas e contava logo um capítulo inteiro. Assim é que era! Como a história ficou, com os nervos, vou roer as unhas até aos cotovelos à espera da próxima 4.ª feira.
Majestade,
Permita-me acompanhar aqui o nobre amigo Alberto : Vª Majestade fustiga-nos a alma com o feitiço do quarto ...
até quarta ...
AnA
Não há árvore que mereça ser cortada para imprimir um quarto virtual. Ainda assim, fico contente por se me revelar uma AnA que queira reunir todos os quartos. Que todos juntos façam o paço deste reino.
Um abraço de acho
Zé Povinho
Pois, Zé Povinho - Zé Maria, Zé Maria - Barrancos, Barrancos - touros, touros - pegas: não foi nada disso, foi apenas um pequeno desentendimento, entre as brincadeiras dos homens do protugal porfundo é frequente temperar uns palavrões com uns apalpões. Tudo muito natural - para alguns! Para outros é ofensa!
Nesta zargata não tomo partido: o Virgolino procedeu mal, o Zé Maria devia ter medido o peso da fera, não mediu foi ferido.´
Um abraço de antebraço comzé
Salvoconduto
Azar é um tipo nunca ter tido oportunidade de andar em Coimbra, a fazer de conta que estudava engenharia.
Um abraço sem sorte
Silêncio
Mesada? Isso é coisa de rico! Aos dez anos saí de casa e ainda não voltei! De quarto em quarto até ao exílio dourado: estou bem!
Mais do que o trivial abraço ao Silêncio, culpado, um obrigado por estas trocas e trocadilhos de ideias e sensiblidades
Compadre
Esperar? Você é alentejano!
Um abraço magano
Allberto
A pressa de viver é próprio dos jovens. Quando tiveres a minha idade - pelo que tenho depreendido das nossas conversas, terás idade para ser filho ilegítimo do Rei - compreenderás que, se a vida do quarto demorou anos, em anos a deverás ler para que a possas compreender.
Porra, estas história dá-me trabalho a escrever! Não pagas nem um centésimo daquilo que pagas para ler um daqueles calhamaços que os escritores da TV - vulgo pivot de telejornal, miguéis tavares e outros tele-escritoes - escrevem, com base em levantamentos históricos feitos por batedores de recibo verde e com construção e revisão gramatical de mestrados em clássicas - e ainda queres mais?!
Ainda faltam umas boas semanas para passar do quarto para a cozinha! Pelo meio, talvez a coisa aqueça para as cenas que tu esperas! Espera!
Um abraço a fazer render o peixe
Maria
Não vás na conversa do "nobre?" Allberto! É puto novo! Não pensa!
Então se todo o quarto se revelasse num só dia, no outro dia as outras divisões, para onde iríamos viver?
Compreendo o vosso "fustigo", para a semana vou mandar embora o Virgolino e ficar com a Dona Graça, depois trataremos das meninas!
Um abraço, mesmo abraço, à Maria que estimo como ama da corte
Mais uma bela história.
OBRIGADO pela partilha.
Ando tensa
grito
fujo de mim
de todos;
ignoro o mundo
fecho os olhos
tento dormir
esquecer...
Convido-te para umas férias na Isla Canela, queres vir?
Beijinhos
Mas que grande telenovela vai por aqui.
Será que o Rei não anda à procura de emprego?!
Alô RTP, TVI, SIC. Aqui está um bom contador de histórias.
Tábem, prontos! Eu espero.
O Zé Maria estava deslocado, coitado, e lá resolveu não dar o cú à paródia, e lixou-se!
Cumps
Em todo o macho ostensivo há um Zé Maria inseguro do próprio cu polivalente.
Mas só um olho é que incha maltratado.
Abraço enfiado.
PALAVROSSAVRVS REX
Foda-se que "os Feios, Porcos e Maus" comparado com isto era um conto de fadas!
Saudações do Marreta.
Entre mortos e feridos ...lá vais escapando, desta vez sem precisares de faltar às aulas!
Pobre Zé! O pior vai ser ter que passar sem o merengue que mesmo que não se dance, aquece a alma!
Até quarta!
"O enigma do orgasmo feminino"
O orgasmo feminino é uma coisa da qual as mulheres percebem muito pouco, e os homens ainda menos.
Pelo facto de ser uma reacção endócrina, que se dá sem expelir nada, não se apresenta nenhuma prova
evidente de que aconteceu, ou de que foi simulado.
Diante deste mistério, investigações continuam, pesquisas são feitas, centenas de livros são escritos, tudo para tentar esclarecer este assunto.
A acompanhar este tema, deu no outro dia uma entrevista na TV com uma conhecida sexóloga, que apresentou uma pesquisa feita nos Estados Unidos na qual se mediu a descarga eléctrica emitida pela periquita no instante do orgasmo.
Os resultados mostram que, na hora H, a pardaleca dispara uma carga de 250.000 micro volts.
Ou seja, 5 passarinhas juntas, ligadas em série na hora do "ai meu Deus", são suficientes para acender uma lâmpada.
E uma dúzia é capaz de provocar a ignição no motor de um Carocha com a bateria em baixo.
Já há até mulheres a treinar para carregar a bateria do telemóvel: dizem que é só ter o orgasmo e, tchan... carregar.
Portanto, é preciso ter muito cuidado porque aquilo, afinal, não é uma rata: é uma torradeira eléctrica!!! E se der curto-circuito na hora de
"virar os olhos"? Além de vesgo, fica-se com a doença de Parkinson e com a salsicha assada.
Preservativo agora é pouco: tem de se mandar encamisar na Michelin!
E, no momento da descarga, é recomendado usar sapatos de borracha, não os descalçar e não pisar o chão molhado.
É também aconselhável que, antes de se começar a molhar o biscoito, se pergunte à parceira se ela é de 110 ou de 220 volts, não se vá esturricar a alheira.
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