Não gosto dos móveis do meu quarto porque me tortura e aborrece a sua quietude, o seu silêncio.
Não é porque me respeitem, é vingança para que eu inveje a sua condição de matéria inerte!
Ah!!! Mas eu sou Vivo!...
Ó vaca de cama onde se deitam toda a espécie de sonhos e pensamentos!...
Ó secretária frustrada e untada com caracteres que nem sequer são de palavra e que tentas convencer-me que vou passar a vida olhos nos nós da tua madeira serrada!...
Ó guarda-roupa que tens a mania que me assustas com o teu espelho cego e mal sabes tu que fui criado à imagem e semelhança de Deus!...
Sou Vivo!...
Ó estante imunda, que nem sequer existes aquém da minha imaginação, que me chamas pobre e desconheces, por natureza, a riqueza do meu conhecimento!...
Ó cadeira emproada de orgulho por me tocares as costas e o traseiro e nem sequer te foi reservado o direito de experimentares os prazeres do corpo!...
Sou um ser Vivo!...
Ó candeeiro que nunca viste o sol nem sabes as causas físicas da electricidade e julgas dar-me luz!...
E tu, que te sentes viril por estares de cabeça e ao corrente dos sexos adúlteros cá do bairro e não passas de mesinha sem penico e com gaveta de trocos!...
Só tu, meu rádio querido, me dás sinais de vida!
Música! Música!
És tu que fazes do meu quarto meio.
10 comentários:
Boa soneca.
Bom embalo musical para um sono reparador.
Abraço do Zé
Bonitas palavras! Muito bem pensadas e escritas...excelente poder de imaginação.Bom soninho acompanhado de boa música. Votos de um despertar tranquilo. Deixo um xi-<3
Devo estar muito doente. Não é que estou convencido que já vi este poste neste blogue há uma semana atrás? Mas não está, que acabei de conferir. E se não está é porque nunca esteve. Resta-me concluir que ando a ver coisas. Mas parece que não sou só eu que não está bem: ainda há dias li que o Cavaco ouve passos. Palavra de honra.
JFrade
Cá está o Pata Negra a gozar com a malta: escreve uma data de coisas sem nexo e lá aparecem os “intelectuais de serviço” a gabar a originalidade e a “profundidade” do texto e outros disparates afins. Não há pachorra…
Crisântemo Ciclomotor (Primo da Rosa Mota)
O teu rádio tem pilhas?
Intelectual de serviço? Vai dar uma volta... de mota ou de ciclomotor, vai apanhar rosas ou crisântemos (conheces a do Brel de chrysanthème en chrysanthème do j'arrive?... eu, que sou um intelectual, conheço....ora toma!).
Passando à porçaria... grande texto, dos que dá gosto ler e saborear. A gente há-de conversar!
Um abraço
Francamente, Ó Zambujal! O que é que o Brel tem a ver com a "porcaria" (eu não fui tão longe, mas concordo) que o Pata Negra escreveu? E, logo a seguir teces loas ao "grande texto". Grande texto? Eu não o acho assim tão comprido embora reconheça que tive dificuldade em chegar ao fim.
"Ó vaca de cama onde se deitam toda a espécie de sonhos e pensamentos!...
Ó secretária frustrada e untada com caracteres que nem sequer são de palavra e que tentas convencer-me que vou passar a vida olhos nos nós da tua madeira serrada!..."
Mas que raio é isto? Literatura?! Poesia?!
Não há pachorra...
Crisântemo Ciclomotor (Primo da Rosa Mota.
O senhor Crisântemo Mor é masoquista?
Porque não lê a bola! Aqui não se escreve bem nem mal, nem prosa nem poesia, aqui escreve-se o que vai na real gana do rei!
Um abraço do quarto de estudante
Pata
a mobília é de madeira a sério ou daquela que esfarela?
abraço
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