Governar, entre nós, não é a arte de distribuir, é um ver se te avias a desbaratar. Para conseguir fundos, ou há alguma coisa à mão para vender - privatizar - ou então, basta sacar da mais básica imaginação e atirar com uma nova taxa, imposto ou contribuição.
E assim podem surgir coisas tão rídiculas como a taxa municipal de direito de passagem (ai o meu primo que só anda de helicóptero e não me visita porque tenho o quintal coberto de linhas aéreas e ninguém me paga nada por isso), como a taxa da Câmara de Lisboa a quem sai dum avião em Sacavém (não me afeta, nunca andei de avião) ou como o recém nascido imposto verde.
Um candidato a presidente da junta consegue ter mais votos na proporção em que consegue pôr mais fregueses a comer sardinha assada; um candidato a presidente da câmara ganha as eleições na proporção em que consegue pôr mais munícipes a comer porco no espeto; um candidato a primeiro ministro consegue ser eleito na proporção em que consegue ter mais gente num concerto do Pedro Abrunhosa; um candidato a presidente da república faz de Cavaco e ganha.
Depois de tomar posse é só ...
Chama-se verde mas é nu cinzento, é hipócrita, é vil, é nojento, não tem nada a ver com a natureza, é cego, é para cegos, é uma afronta à nossa consciência.
Aproveitando a baixa do preço do barril, no país com mais impostos sobre os produtos petrolíferos, num governo preocupado com a competitividade das empresas e com os impostos da famílias, eis a resposta: um imposto verde cujas receitas não serão aplicadas em políticas ambientais mas que irão para o monte do IRS.
Acabem então de vez com o IRS e façam tudo imposto verde! Um grande e único imposto - a unicidade é sempre o fim mas a fecundidade traz sempre mais um - onde a gente pague por ter direito a andar de avião, de carro ou bicicleta, por viver numa casa, dormir na pensão ou num cartão, por trazer o pão e os fósforos num saco de plástico, por telefonar à mãe e a comunicação passar por uns cabos que passam por baixo do alcatrão, por deitar as garrafas de vinho no vidrão, por puxar o autoclismo. Façam de tudo imposto verde, preto, vermelho ou da cor da puta que os pariu e não me venham mais com a cantilena de que sempre que nasce um imposto é para proteger os mais pobres.
Nota: não existem taxas, contribuições, multas, dádivas, esmolas - é tudo impostos.
7 comentários:
Eles dizem que é verde, mas são daltónicos pois eu era capaz de jurar que eram da cor da bosta da vaca Malhada que está no pasto ao lado da casa...
Abraço do Zé
Por todas as razões incluindo as higiénicas a este desgoverno devia ser imposto a queda a pique num aterro não sujeito a reciclagem.
Boa malha, digo
concordando em (quase) tudo contigo
Apenas discordo de que esmola seja imposto
não é, nem devia ser, e a minha proposta é esta
esmola deve ser abatida à colecta
e mesmo quando não seja fartura
o empobrecido deve passar factura
pela maior probabilidade d
Tem sido imposto, é imposto e vai continuar a ser imposto, são eles que impõem o imposto... rosa, laranja e azul-e-amarelo dos impositores engenheiros e doutores.
A minha alma está parva! Bem me disse o meu primo Crisântemo que o Pata Negra tinha voltado ao blogue e que estava "ainda" melhor. Pensei que ele estava a reinar comigo, mas não. Voltou sim senhor e está "ainda" melhor sim senhor. Estou danado comigo mesmo porque só hoje aqui voltei. O que eu tenho andado a perder...
Pois também eu estou pelos cabelos com tanto imposto. E como é imposto o Zé paga mas bufa, ai se não bufa. Mas agora, para os funcionários públicos, já falam em reposto. É suposto que o reposto seja a devolução do imposto que lhes foi imposto. Será? Não me parece. Cá para mim não passa de propaganda para caçar uns votos aos incautos nas próximas eleições.
E o amigo Pata Negra tem toda a razão: para além dos mil impostos, designados como tal, há as taxas, taxinhas, multas, coimas e outras contribuições que imaginação, neste mister não falta aos iluminados que nos (se) governam.
Também discordo da ideia Costa de cobrar uma taxa a cada passageiro que desembarque na Portela ou na margem lisboeta do Tejo. É que vão ser necessários tantos 'guichets' que a receita não dará para pagar as instalações, o equipamento, o pessoal e demais despesas. Em suma: é uma medida que condiz com a grandeza de quem a decidiu.
Até amanhã.
Malmequer Bicicleta (Primo da Rosa Mota)
muito boa,dá gozo ler a tua escrita!
Muito bom, pá!
... 3 o problema maior, MAIOR, nem está nos impostos que nos são impostos mas na sua aplicação. Cá por mim até gostava de pagar impostos para um SNSaúde. para uma educação universal e gratuita, para uma rede de transportes e comunicações ao serviço dos cidadãos, sem portagens e motivo para grandes negociatas...
Bom... desculpa lá o relambório!
Continua, por favor.
Enviar um comentário