... e estava eu em parte emersa da grande dorsal atlântica e em casa hospitaleira, criando amigos e quando se criam vários há sempre um que mais fica, este à custa da cumplicidade dos cigarros que agora não se fumam à mesa obrigando os que não os dispensam a virem ao luar, conversas que se enleiam no fumo entregue à brisa, Duarte de seu nome, setenta e cinco, cinquenta cinco em Ontário, a primeira vez que regressou à ilha trouxe oito filhos no avião, agora vem sempre ele e a velha em cada Verão, os filhos por lá andam, trabalhou muito e nós falávamos disso e de outras coisas quando deixei cair inadvertidamente um "no tempo de Salazar" logo caçado para ele largar:
- Mas Salazar foi um grande homem!
- Ai, pensei eu, queres ver que tenho aqui mais um dos tais?
Que quando foi, foi para as minas e que três ficaram numa encurralados, três dias foi o tempo demorado para os salvar, dois não eram portugueses e saíram em mau estado e muito combalidos sem sequer falarem mas o nosso, mal saiu, logo gritou vivas a Salazar.
- Pensei então que o português, embora bem de físico vinha passado da cabeça e perguntei-lhe:
- Homem que é isso? Viva Salazar?
- Sim, devo agradecer a Salazar por me ter habituado a passar fome!
Eu me redimo pela desconfiança, tão perspicaz me julgo e não advinhei a ironia. Duarte continou:
- Puta que pariu o Salazar e os dele que ainda vivem nas cadeiras que ele deixou, os melos, os rebelos e os marcelos, os carneiros, os coelhos e os salgados, era metê-los a todos num bacalhoeiro prós gelos da Terra Nova ou do Canadá e ainda era pouco!
6 comentários:
E a remar...ou então com o Costa a soprar as velas!
Viva King !!!
quando li, à primeira, olhei de soslaio, mas logo percebi que vinha aí porrada de criar bicho...
E os tais... num bacalhoeiro e vestidos a rigor, quer dizer, em cuecas.
abraço
Dizem que não fazemos amigos, apenas os reconhecemos...
Abraço.
Salva os barcos
Boa malha
Ah grande Duarte! Viva o Duarte!
Enviar um comentário