sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Até hoje tenho escapado!


Tanto a minha mãe como o meu pai morreram prematuramente e, obviamente, eu fiquei orfão, também prematuramente! Portanto, de morte, já tenho o meu quinhão, embora tenha de reconhecer que, verdadeiramente, conhecedor do assunto só o serei tardiamente na minha hora, que acontecerá, espero, a partir deste preciso momento, fora de tempo para falar da minha experiência pessoal.

Há três dias para cá, morreram várias pessoas em Lisboa, no Alentejo, em Trás os Montes e Trás dos Matos, que é uma aldeia que fica ali próxima de Vila Cã. Peso igualmente a morte dessas pessoas mas mais pesaria se alguma delas me fosse próxima. Não podem é acusar-me de frieza por não ir no embalo mediático de aqui del preços baixos, aqui del rock, aqui del rei,  tens de chorar votos de pesar de nomes sonantes, sonae-heróis ou punks-heroínas que me dizem ainda menos do que o senhor José, natural de Vila Cã, que eu nunca conheci e de quem nunca ouvi falar.

Na morte somos todos iguais, não é o que dizem? Pois saibam que não verti uma molécula de lágrima nem por um, nem pelo outro, embora tenha consciência que um deles fez mais pelo rock português  e deu muito menos chutos do que o outro pontapés em tudo o que é português. Se o senhor José foi dono duma mercearia, facto que desconheço, terá sido um comerciante sério e terá sempre preferido a música popular portuguesa.

Agora parlamento? Já agora panteão, não?!  Não sei se houve ou não uma coroa de flores do Rei da República, nem isso me interessa. Recordo uma cantilena que o meu pai me contava e a minha mãe me ensinava:

À morte ninguém escapa, nem o rei, nem o cura, nem o papa.
Mas hei-de escapar eu! Tenho aqui um vintém, compro uma panela, meto-me dentro dela, tapo-me muito bem! Vem a morte não me vê. Bons dias meus senhores passem todos muito bem!

5 comentários:

Maria disse...

Certamente nunca falhou na vacinação, Majestade.
Sabe, eu duvido que na morte sejamos todos iguais. Penso que nem mesmo na morte somos iguais.
Agora que todos vivemos no coração dos que nos amam e nos sobrevivem, isso sim, é para todos. Todos aqueles que são queridos ou amados.
Porque também há quem não seja e ... mais uma vez, ressalta a desigualdade.

Um beijinho amigo

Maria

Mar Arável disse...

Que viva o equilíbrio na assimetria

Judite Castro disse...

gosto (como no fb) :-)

Manuel Veiga disse...

morto o porco, cevada ao rabo...
por mim, tanto dá, como deu!

abraço, Majestade

Zambujal disse...

Excelen...cia.
'tá tudo dito e responde a algumas dúvidas (das de boa fé). que ainda as há!

abraço do Zambujal