terça-feira, 19 de março de 2019

Dia de S.José: padroeiro dos trabalhadores, sim! Dos pais, não!


Eu ainda sou do tempo em que 19 de março era feriado. Existe, perto da minha, uma aldeia de nome S.José e era para a festa dessa terra que toda a gente das redondezas ia nesse dia, sem ninguém se lembrar de quem era o pai.

A sociedade capitalista foi transferindo a sua religiosidade para o consumismo e os dias dos santos foram-se transformando em festividades mais consentâneas com o espírito do balcão do que com o culto de referências sagradas. 
E foi assim que o dia de S.José  passou a ser apenas o Dia do Pai.

Tenho pena porque S.José,  padroeiro dos trabalhadores, não merecia este enxovalho. Não chegava ao desgraçado o registo histórico-religioso de se ter conformado com o facto da sua noiva aparecer grávida dum filho, que não era seu, de ter criado o Puto e aceitar viver com ela conservando a virgindade, ainda por cima a crueldade dos crentes humilhou-o, celebrando-o também como padroeiro dos pais. 

Eu pergunto, a qualquer um dos homens que venera nas igrejas a Santíssima Trindade e a multiplicidade de santas Mãe de Deus, o que fariam se, por acaso, ao fim de mais de nove meses de namoro sem qualquer encosto de genitais, a futura esposa vos dissesse "estou grávida e não é de ti"?  - Não é do teu irmão, nem do padeiro, nem do pastor, nem do Rabino! É do Espírito Santo! (Do Ricardo? - perguntariam alguns). Imaginem que a moça acrescentaria: acredita que isto não é fruto de qualquer ato sexual. Mais ainda diria: quero que sejas apenas o seu pai nutrício e não contes comigo para te deixar fazer alguma coisa que me emprenhe outra vez!

De facto esta história brada aos céus! De tal forma que eu não reconheço como verdadeiro cristão qualquer homem que, perante uma gravidez inexplicável da sua mulher ou namorada, não aceite uma explicação do género: foi obra e graça do Espírito Santo.

Começar a chamar ao Dia de S.José o Dia do Pai também me parece muito pouco cristão. 
Senhores do Vaticano, para não dar cabo do comércio, e tratando-se do santo dos trabalhadores, talvez fosse melhor que o Dia de S.José passasse a ser o 1ª de maio.

4 comentários:

zambujal disse...

... quando é que começaste a faltar às aulas de catequese?

Rogério G.V. Pereira disse...



Dia do Sogro

acabo de descobrir uma mais valia
para esse dia

O Puma disse...

O Zé
não vai à missa
mas tem fortes convicções

Manuel Veiga disse...

não quero abrir uma controvérsia bíblico-religiosa, mas quer parecer-me
que S. José era marceneiro, de trabalhos delicados, e não carpinteiro de toscos... rss

abraço, Majestade