(Se não leu o Quarto 1, o Quarto 2, o Quarto 3, o Quarto 4, o Quarto 5, o Quarto 6, o Quarto7, o Quarto 8, o Quarto 9, o Quarto 10, o Quarto 11, este quarto não faz sentido)
A minha relação com dona Graça era cada vez mais de confiança, ia muitas vezes aos meus conselhos e sentia necessidade de justificar, perante mim, as suas decisões e, além de tudo, era um coração aberto:
Encontrara na rua Direita, ao abandono, uma mulher angolana com uma filha de dois anos. O empecilho da criança, o rosto e o corpo pouco favorecidos, a má aparência, não lhe atraíam muitos homens ao negócio. Nem sempre conseguia dinheiro para a dormida na pensão.
Seria uma situação provisória; enquanto Adalberta não arranjasse um emprego nas limpezas e endireitasse a vida, ficaria a dormir, com a filhota, no quarto de Gina e Tânia e estas ficariam no quarto da mãe que tinha espaço a chegar.
Não fiquei muito contente com a situação, ainda mais desarmado pelo intocável coração de Dona Graça.
Adalberta não tinha horários! Chegava e partia quando calhava, no estado que calhava, quase sempre com a filha pela mão. Ao fim de algum tempo, com o à vontade que se foi gerando, começou a deixar a Dorinha à guarda de quem estivesse em casa. Chegou a bater-me à porta do quarto pedindo-me, desavergonhadamente, que lhe guardasse a filha enquanto ia tratar duns papéis no consulado. É claro que o consulado era outro. Prometia recompensar-me. Nas entrelinhas deixava perceber que poderia pagar com o corpo. Eu ficava a pensar no não-desejo, enquanto arranjava umas folhas e umas canetas para a criança se entreter e me deixar estudar.
Dorinha, de língua ainda presa, chamava-me Cabitche. Em poucos dias, toda a gente daquela casa me começou a chamar Cabitche – recordo este nome como a única alcunha da minha vida que senti colar-se-me!
A partilha da casa com Adalberta começou a desagradar-me, afinal de contas era uma puta e, era uma puta da rua Direita, daquelas que despacham uma aldeia inteira de rapazes da inspecção. Poderia tornar-se complicado se chegasse a ouvidos errados e acabava por dar argumentos à vizinhança que, frequentemente, durante a noite, telefonava para a polícia para vir ao número sete, que insinuava e fantasiava acerca do antro de pecado que não seria a nossa casa.
Chamei dona Graça ao meu quarto, sentámo-nos na beira da cama, conversámos sobre o assunto. Ela própria andava ajudando Adalberta a arranjar emprego e tudo estaria resolvido nas próximas semanas. Nessa altura pô-la-ia a andar, até porque precisava do quarto para as filhas.
- Estás com medo que a tua mamã saiba que Adalberta dorme no quarto ao lado do teu?!...
Queres que eu te ajude a escrever uma carta à mamã?...
Enquanto ironizava a minha preocupação encostou-me a cabeça aos seus peitos grandes e poderosos e começou a passar-me a mão pelo pêlo! Desta vez, tratou-me até ao fim como um menino!
Encontrara na rua Direita, ao abandono, uma mulher angolana com uma filha de dois anos. O empecilho da criança, o rosto e o corpo pouco favorecidos, a má aparência, não lhe atraíam muitos homens ao negócio. Nem sempre conseguia dinheiro para a dormida na pensão.
Seria uma situação provisória; enquanto Adalberta não arranjasse um emprego nas limpezas e endireitasse a vida, ficaria a dormir, com a filhota, no quarto de Gina e Tânia e estas ficariam no quarto da mãe que tinha espaço a chegar.
Não fiquei muito contente com a situação, ainda mais desarmado pelo intocável coração de Dona Graça.
Adalberta não tinha horários! Chegava e partia quando calhava, no estado que calhava, quase sempre com a filha pela mão. Ao fim de algum tempo, com o à vontade que se foi gerando, começou a deixar a Dorinha à guarda de quem estivesse em casa. Chegou a bater-me à porta do quarto pedindo-me, desavergonhadamente, que lhe guardasse a filha enquanto ia tratar duns papéis no consulado. É claro que o consulado era outro. Prometia recompensar-me. Nas entrelinhas deixava perceber que poderia pagar com o corpo. Eu ficava a pensar no não-desejo, enquanto arranjava umas folhas e umas canetas para a criança se entreter e me deixar estudar.
Dorinha, de língua ainda presa, chamava-me Cabitche. Em poucos dias, toda a gente daquela casa me começou a chamar Cabitche – recordo este nome como a única alcunha da minha vida que senti colar-se-me!
A partilha da casa com Adalberta começou a desagradar-me, afinal de contas era uma puta e, era uma puta da rua Direita, daquelas que despacham uma aldeia inteira de rapazes da inspecção. Poderia tornar-se complicado se chegasse a ouvidos errados e acabava por dar argumentos à vizinhança que, frequentemente, durante a noite, telefonava para a polícia para vir ao número sete, que insinuava e fantasiava acerca do antro de pecado que não seria a nossa casa.
Chamei dona Graça ao meu quarto, sentámo-nos na beira da cama, conversámos sobre o assunto. Ela própria andava ajudando Adalberta a arranjar emprego e tudo estaria resolvido nas próximas semanas. Nessa altura pô-la-ia a andar, até porque precisava do quarto para as filhas.
- Estás com medo que a tua mamã saiba que Adalberta dorme no quarto ao lado do teu?!...
Queres que eu te ajude a escrever uma carta à mamã?...
Enquanto ironizava a minha preocupação encostou-me a cabeça aos seus peitos grandes e poderosos e começou a passar-me a mão pelo pêlo! Desta vez, tratou-me até ao fim como um menino!
(Na próxima quarta há mais Quarto)
14 comentários:
Nã, nã me inganas com essa, vai lá vai, olha pra ele, vai contar essa a outro! As idas ao quarto da D. Graça é que foram pró galheiro, com a Tânia a Gina lá!
Deixa lá de implicar com a Adalberta, a filha topou-te logo e vai daí baptizou-te.
Ora, a Adalberta tornou-se um empechilho, foi o que foi!
Até já precisavas de ajuda para escreveres à mamã!!!!!
Grandes voltas dá a vida!
Im perdoável, aqui tão perto e ainda lá não fui, fica agendado.
Eu hoje bebi Cortes de Cima, e o comentário que deveria ir para outro blogue veio para aqui...
Foi só o vinho, juro que não fumei, à cautela não vou conduzir.
Pata Negra
Retive da D.Graça esse coração de oiro que geralmente só se encontra em quem é pobre. O pobre reparte e dá o que precisa. O rico faz caridade com o que lhe sobra.
Abraço
Peitos grandes e poderosos...
Peitos grandes e poderosos...
Peitos grandes e poderosos...
Peitos grandes e poderosos...
Peitos grandes e poderosos...
muito tema se arranja entre os pobres...têm sempre um manancial de razões.
isto ainda acaba num casarão...
O que Adalberta merecia é que lhe viessem comer à palma da mão os palermas que lhe não reconheceram em bom tempo o serviço público de qualidade. Beatos mal co-penetrados desorificialinos!
Só esperto que ela tenha endireitado a vida e a da filhinha e deixado de endireitar os moles membros dos que gostam de submeter, meter e humilhar uma mulher, quanto mais miserável, melhor.
Abraço es-cabitcheado!
PALAVROSSAVRVS REX
Muito interessante.
Até quarta...
Um abraço
Compadre Alentejano
Com que então, Cabitche? Essa é novidade absoluta.
Cumps
Está cadavez melhor. Podias postar às quartas e às sextas eheheheh assim n tinha de esperar tanto
Bom, então até quarta... a blognovela está a agradar-me cada vez mais.
Um abraço.
... e no dia seguinte não foste às aulas?
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