Nos dias seguintes às lágrimas de Tânia as coisas ficaram pretas. Nos momentos em que a casa ficava só dos dois eu fazia as minhas tentativas mas as suas reacções eram de tal ordem que comecei a temê-las e a acanhar-me. Aparte essas abordagens, Tânia falava-me normalmente como se nunca tivesse existido nada entre nós. Podíamos ir juntos ao café, buscar a Dorinha à ama e até dançar na sala merenge ou rock n’roll!...
Tudo isto atormentava ainda mais o meu estado de paixão e o pior é que me ia auto-convencendo que com ela não acontecia o mesmo.
Entrementes, meteram-se umas férias no meio. Quando regressei e entrei na sala pousei o saco. Estavam apenas as duas irmãs. Tânia levantou-se de imediato, colocou os seus antebraços nos meus ombros, enchendo o meu pescoço de alegria, pousou-me um beijo em cada face e disse infantilmente, saltitando e exultando de alegria:
- Cabitche, já tenho um namorado!...
De imediato a mana Gina, que nem se levantara para me honrar e permanecia a olhar a televisão, imitou com voz ridicularizante:
- Cabitche, já tenho um namorado!....
- Tu também Ginita!? Quem é o teu? - Indaguei eu, fingindo ignorar o tom de gozo e mastigando o contentamento de que Tânia, durante a minha ausência, me sentira a falta e me assumia agora no regresso.
- O meu amor és tu meu mano branco! - Disse Gina caminhando em direcção a mim para me abraçar e me conceder um tardio mas poderoso beijo no canto da boca, como quem diz ”assim não é beijo no cesto nem de incesto, é de amiga íntima!...”
O sorriso macaco com que Tânia acompanhou o dito beijo e a intervenção da irmã deixou-me um pé atrás.
- Então não sabes? O namorado da Tânia é o Carlitos!!!
Senti a força a faltar-me nas pernas, sentei-me à mesa e as duas acompanharam-me sentando-se também. Seria normal pormos as cartas na mesa, contarmos coisas das férias e coisa e tal e foi isso que fizemos durante meia hora. As trocas de palavras e olhares entre mim e a minha recém confirmada “ex” atiravam-me para o estado de vencido. Para exibir ainda mais a sua superioridade, topando os meus suores e sem que eu pedisse, foi ao frigorífico buscar uma Sagres e despejou-a num copo que pousou à minha frente.
Quando me encontrei só, no quarto, a arrumar as coisas, comecei a pensar no Carlitos: bom rapazito, pacato e simples, viera da Beira-Alta para servir no restaurante cervejaria em que Dona Graça trabalhava. Conhecia-o bem das conversas e das borlas que nos dava na esplanada, já várias vezes tinha passado serões e até festas na casa da colega. Sempre pensei, se mais não fosse pela idade, que poderia vir a dar um belo par com Gina! Agora com Tânia?!... A sua figura trinca-espinhas não emparelhava nada com a imponência de minha menina! Mas recordando bem, quando dançava com ela, a cabecita do beirãozito quase se afogava, aconchegada entre os peitos esculpidos que acabou por me roubar! O malandreco!... Enfeitou-me bem a vida, enfeitou!...
Tudo isto atormentava ainda mais o meu estado de paixão e o pior é que me ia auto-convencendo que com ela não acontecia o mesmo.
Entrementes, meteram-se umas férias no meio. Quando regressei e entrei na sala pousei o saco. Estavam apenas as duas irmãs. Tânia levantou-se de imediato, colocou os seus antebraços nos meus ombros, enchendo o meu pescoço de alegria, pousou-me um beijo em cada face e disse infantilmente, saltitando e exultando de alegria:
- Cabitche, já tenho um namorado!...
De imediato a mana Gina, que nem se levantara para me honrar e permanecia a olhar a televisão, imitou com voz ridicularizante:
- Cabitche, já tenho um namorado!....
- Tu também Ginita!? Quem é o teu? - Indaguei eu, fingindo ignorar o tom de gozo e mastigando o contentamento de que Tânia, durante a minha ausência, me sentira a falta e me assumia agora no regresso.
- O meu amor és tu meu mano branco! - Disse Gina caminhando em direcção a mim para me abraçar e me conceder um tardio mas poderoso beijo no canto da boca, como quem diz ”assim não é beijo no cesto nem de incesto, é de amiga íntima!...”
O sorriso macaco com que Tânia acompanhou o dito beijo e a intervenção da irmã deixou-me um pé atrás.
- Então não sabes? O namorado da Tânia é o Carlitos!!!
Senti a força a faltar-me nas pernas, sentei-me à mesa e as duas acompanharam-me sentando-se também. Seria normal pormos as cartas na mesa, contarmos coisas das férias e coisa e tal e foi isso que fizemos durante meia hora. As trocas de palavras e olhares entre mim e a minha recém confirmada “ex” atiravam-me para o estado de vencido. Para exibir ainda mais a sua superioridade, topando os meus suores e sem que eu pedisse, foi ao frigorífico buscar uma Sagres e despejou-a num copo que pousou à minha frente.
Quando me encontrei só, no quarto, a arrumar as coisas, comecei a pensar no Carlitos: bom rapazito, pacato e simples, viera da Beira-Alta para servir no restaurante cervejaria em que Dona Graça trabalhava. Conhecia-o bem das conversas e das borlas que nos dava na esplanada, já várias vezes tinha passado serões e até festas na casa da colega. Sempre pensei, se mais não fosse pela idade, que poderia vir a dar um belo par com Gina! Agora com Tânia?!... A sua figura trinca-espinhas não emparelhava nada com a imponência de minha menina! Mas recordando bem, quando dançava com ela, a cabecita do beirãozito quase se afogava, aconchegada entre os peitos esculpidos que acabou por me roubar! O malandreco!... Enfeitou-me bem a vida, enfeitou!...
(Na próxima quarta há mais Quarto)
18 comentários:
Bem me parecia! Tinha de haver um Carlitos escondido.
E dá Deus nozes a quem não tem dentes.
Nessa altura, V. Alteza, ainda não era Rei. Se fosse hoje outro galo cantaria.
Até p'ra semana, Alteza Real.
Oh! Tadinho. Eu ainda espero por um final feliz.
E a Tânia escapuliu-se...
É a vida!
Um abraço
Compadre Alentejano
Um no galo no pedaço... e agora, majestade?
Abraço condoído do Zé
Caraças, pá, que nunca mais passo da sala!
Olha, a cena do rapaz a dançar com acabeça afagada entre os marmelos da pequena, lembrou-me os velhos bailaricos da aldeia onde por vezes passava uns dias de verão.
Pois lá havia, como em todas as aldeia, um jovem mocetão meio-atrasado - uma besta de carga que acarretava várias malas ao mesmo tempo pelo monte acima - que dançava com a Marquinhas com o dedo enterrado no fundo das costas da mulher. Era o Zé Pataroco, mas que de parvo nada tinha!
Um abraço e desculpa a invasão deste teu quarto.
Ficou complicado, uma enorme surpresa desagradável no mínimo.
também eu aguardo por um final feliz.
Pata Negra
Pois, é o que dá as indefinições entre mãe e filha e mais e mais.
Abraço encornado
Quem vai ao mar, perde o lugar.
Cumps
A ler os Quartos em fascículos nunca mais te apanho.
Vou acelerar.
Quanto ao enfezadito, olha...safou-se com a Tânia.
Paciência, amigo, acontece a muita gente boa.
Um abraço
Essa tua mania de te alambazar, dá nestas coisas, mas carago, não me digas que não és homem para apertar o pescoço ao Carlitos e lhe dizeres baixinho ao ouvido para basar!
Tás a ver a falta que te faz o Virgolino? Esse era capaz de afastar rapidamente o Carlitos.
É que ainda por cima Carlitos não é nome de home!
não se pode confiar numa mulher e tanto faz a cor...
Majestade, Majestade ...
Não seja tão dramático. Afinal Vª Majestade não partilhava a mãe, a Tânia e ... a tânia ?!?...
Então, porque não pode a Tânia partilhar Vª Majestade e o Carlitos?
Ora, deve ser o sonho de qualquer mulher que queira amar à grande, à homem, partilhar na mesma cama o Rei e o Povo.
Em homenagem ao Povo de que Vª Majestade é Rei fique com este :
http://www.youtube.com/watch?v=TdEbFqAHZ9A
Um beijinho único Majestade :-)
Maria
Agora fiquei ansioso por mais uma divisão da herdade. Quero saber como é que envenenaste o trinca-espinhas...
Saudações do Marreta.
Deixa lá. Não és o único enfeitado. Deus me livre de essa má-hora!
É com os galhos que o Alce luta por mais e melhores fêmeas. Quando mais galhoso for, mais elas e em maior número se espojam na urina e no almíscar irresistível deles. Vi isto no National Geographic Society e não poderia colar-se melhor a este Quartilho de Cerveja Espumosa, escarninha à tua frente.
PALAVROSSAVRVS REX
Eu estou é a ver qdo é q o protagonista acorda e vê q tudo não passou de um sonho ;-)
Olha o Carlitos, hein!...
Escondido durante 15 quartos e de repente aparece e...
Um abraço.
Deixa lá Majestade, palpita-me que esse Carlitos nunca valerá uma das lágrimas que a Tânia lhe revelou ter vertido por si.
Convenhamos que seria muito complicado voltar a ver próximos o namorado e a mãe. A moça por certo até sentia "trair" a própria, ou a não sentir, não pensaria grande coisa da grande filha que era para a mãe que tinha ... :)
E explicar à mãe que lhe "caçou" o letrista ?!...
Muito complicado ...
FOI MAU, isso foi desastre, mas pronto, vamos em frente, não há nada que o tempo não cure e a Tânia continuará próxima à mão da sua força de vontade e determinação para desembrulhar esse "embrulho" :)
Um beijinho sempre amigo
Maria
As venturas e desventuras de sua majestade...
Abraço do Zé
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