(Se não leu o Quarto 1, o Quarto 2, o Quarto 3, o Quarto 4, o Quarto 5, o Quarto 6, o Quarto7, o Quarto 8, o Quarto 9, o Quarto 10, o Quarto 11, o Quarto 12, o Quarto 13, o Quarto 14, este quarto não faz sentido)
E andávamos nós, já há tempo de mais, para tomar a decisão de anunciar à matriarca a paixão Tânia-João quando, uma noite, Dona Graça bateu à minha porta para escrever mais uma carta. Não tinha forma de dizer que não e lá fui, pela primeira vez sem grande entusiasmo, cumprir o papel de moço de cartas de prazer.
As últimas cartas tinham começado a tocar um certo erotismo e, com essa natureza, a confundirem-se cada vez mais com preliminares.
“…
Virgolino, estou a ver o teu coiso a bater palmas de contente, a arregalar as peles de ver as minhas mamas, a perder-se e a esvair-se na minha mina escura e a dizer moribundo:
- Ó Preta, vai-me buscar uma cerveja branca com gemada!
Virgolino volta! Estou com cio! Prometo-te que gritarei como gostas e não voltarei a dizer:
- Não! Não posso gritar! As minhas filhas e o João vão ouvir!
Quando voltar a ter-te aqui, na minha cama, vou gritar e aiar até a polícia bater à porta. E, se for necessário, abrirei a janela e direi cá para baixo:
- Só um momento! Deixem-nos acabar!
…”Não faço ideia do que Virgolino sentia ao receber estas cartas; da minha parte, sei bem o que sentia e o que me acontecia ao escrevê-las. Sabia também que o destinatário, caso soubesse do que se passava do lado emissário, compreenderia a situação das nossas necessidades – ou não tivesse ele já passado uns largos tempos na prisão – e, nem a amizade que tinha por mim nem a relação que tinha com a Gracinha seriam, por isso, melindradas. Contudo, há coisas de que mais vale não ter conhecimento e esta era uma delas.
Mal! Mal! Sentia-me eu. Dificilmente Tânia aceitaria, e não merecia, que estas brincadeiras continuassem a acontecer. Eu já só queria era que Virgolino voltasse depressa e aquelas cartas terminassem!
Um dia terminei a carta e deixei Dona Graça estendida no leito, toda oferecida. Abri a porta e saí a ouvir umas frases lascivas, mistas de provocação, compreensão, de brejeira ternura, de “vem cá!”, “vai lá!” …
A distância de portas entre os quartos quase permitia que, a um passo, ainda o pé de trás estivesse num, já o da frente entrava no outro. Estranhei a porta aberta, acendi a luz. Sobre a cama vaga para arrendar, aquela onde aconteciam sempre - vá-se lá saber porque nunca eram na minha – as práticas com Tânia, estava em pijama, ela própria, a menina dos olhos dos meus olhos, com olhos fontes que lhe inundavam o rosto dos meus olhos.
Precisava de tempo para me libertar do estado estático em que fiquei e para conseguir dizer alguma coisa. Nos escassos segundos em que tentei colocar o meu cérebro encharcado a trabalhar percebi que não havia ali espaço para palavras. Tânia concedeu-me esses segundos e levantou-se cruzando-se comigo, a caminho do seu quarto, sem me tocar e tocando-me com o seu silêncio que dizia:
- Estava aqui à tua espera para que visses as minhas lágrimas!
As últimas cartas tinham começado a tocar um certo erotismo e, com essa natureza, a confundirem-se cada vez mais com preliminares.
“…
Virgolino, estou a ver o teu coiso a bater palmas de contente, a arregalar as peles de ver as minhas mamas, a perder-se e a esvair-se na minha mina escura e a dizer moribundo:
- Ó Preta, vai-me buscar uma cerveja branca com gemada!
Virgolino volta! Estou com cio! Prometo-te que gritarei como gostas e não voltarei a dizer:
- Não! Não posso gritar! As minhas filhas e o João vão ouvir!
Quando voltar a ter-te aqui, na minha cama, vou gritar e aiar até a polícia bater à porta. E, se for necessário, abrirei a janela e direi cá para baixo:
- Só um momento! Deixem-nos acabar!
…”Não faço ideia do que Virgolino sentia ao receber estas cartas; da minha parte, sei bem o que sentia e o que me acontecia ao escrevê-las. Sabia também que o destinatário, caso soubesse do que se passava do lado emissário, compreenderia a situação das nossas necessidades – ou não tivesse ele já passado uns largos tempos na prisão – e, nem a amizade que tinha por mim nem a relação que tinha com a Gracinha seriam, por isso, melindradas. Contudo, há coisas de que mais vale não ter conhecimento e esta era uma delas.
Mal! Mal! Sentia-me eu. Dificilmente Tânia aceitaria, e não merecia, que estas brincadeiras continuassem a acontecer. Eu já só queria era que Virgolino voltasse depressa e aquelas cartas terminassem!
Um dia terminei a carta e deixei Dona Graça estendida no leito, toda oferecida. Abri a porta e saí a ouvir umas frases lascivas, mistas de provocação, compreensão, de brejeira ternura, de “vem cá!”, “vai lá!” …
A distância de portas entre os quartos quase permitia que, a um passo, ainda o pé de trás estivesse num, já o da frente entrava no outro. Estranhei a porta aberta, acendi a luz. Sobre a cama vaga para arrendar, aquela onde aconteciam sempre - vá-se lá saber porque nunca eram na minha – as práticas com Tânia, estava em pijama, ela própria, a menina dos olhos dos meus olhos, com olhos fontes que lhe inundavam o rosto dos meus olhos.
Precisava de tempo para me libertar do estado estático em que fiquei e para conseguir dizer alguma coisa. Nos escassos segundos em que tentei colocar o meu cérebro encharcado a trabalhar percebi que não havia ali espaço para palavras. Tânia concedeu-me esses segundos e levantou-se cruzando-se comigo, a caminho do seu quarto, sem me tocar e tocando-me com o seu silêncio que dizia:
- Estava aqui à tua espera para que visses as minhas lágrimas!
(Na próxima quarta há mais Quarto)
19 comentários:
Eu bem te avisei que ias arranjar um trinta e um!
Agora quero ver como vais desatar esse nó! Pago para ver! Quero ver com que cara vens na próxima quarta!
Já sabes da boa notícia? Os manos Pedroso foram condenados, tens o link no meu blogue ou no Braganza.
Já pedi ao Kaos para fazer um boneco adequado à circunstância...
Um abraço
estou definitivamente à espera da continuação, grande escrita a tua.
Pata Negra
Complicado. Muito complicado. Isto de camas e contra-camas com mãe e filha pelo meio torram o juízo do mais forte.
Espero que o Virgolino regresse para pôr um pouco de ordem à casa.
Abraço
Boas...
Com tantos "quartos", já lá vão 15; qualquer dia tens de abrir um hotel ou então passá-los para livro.
Se o assim fizeres, serei comprador. ;)
abr...prof...
Era inevitável. Jogar em mais do que num tabuleiro é coisa de xadrez.
Cumps
Depois de ter lido o Quarto 1, o Quarto 2,
o Quarto 3, o Quarto 4, o Quarto 5, o Quarto 6, o Quarto 7,
o Quarto 8, o Quarto 9, o Quarto 10, o Quarto 11, o Quarto 12,
o Quarto 13, o Quarto 14, e o Quarto 15, faz todo e qualquer sentido
estar sentado defronte do meu amigo João e vê-lo o mais brevemente possível radiante,
assinando uns atrás dos outros os exemplares
de um óbvio, claríssimo e urgentíssimo best-seller.
Quanto ao texto 15, achei-o por demais sublime, poético, roçando um Alma-Minha-Gentil camoneano, roçar de lâminas o como dói amar e sofrer por amor.
Ler é enredador: encharca-me de prazer e comunhão entrar na carne do João e escrevinhar com ele, por ele e nele, como na Doxologia Católica, esse místico diálogo dilacerante entre a Paixão mais pura, e por isso tórrida e torrencial, e a empatante obrigação por consideração em sapo engolido.
Abraço enTâneado
PALAVROSSAVRVS REX
Bem estou de acordo com o Joshua.
Gosto da tua escrita e também aguardo a continuação desta novela.
Virgolino regressa rapidamente. O Rei está em apuros. Virgolino volta, estás perdoado.
mas alguém fica excitado a ler aquelas coisas?:-\
Rei, está a ficar mto giro. Cá estarei na próxima quarta
Como é sexta feira,venho deixar-lhe umas anedotas para os fazer rir um pouco.Nã vale a pena pensar muito.
Um alentejano vai no comboio regional e às tantas, dá-lhe uma grande “caganera”. Dirige-se ao wc que está ocupado e como não aguenta esperar mais, decide aliviar-se no chão. Entretanto, chega o revisor e diz: “Lamento mas vou ter que dar parte ao chefe!” - ao que o alentejano responde: “Ah cumpadre, por mim pode dá-la toda que na quero nenhuma!”
Um alentejano, com cara de mau, entra numa taberna e grita: “Alguém quer um par de cornos?”, Ninguém responde. Então, diz ele assim: “Vou-me embora! Já vi que está tudo servido!”
Algures em Beja, o cumpadre Manel todas as noites grita para o filho: “Zézinho tás dormindo?”, “Ainda não mê pai!”. Leva logo uma tareia de ficar de rastos. O Zézinho desesperado foi pedir ajuda ao padre que lhe disse o seguinte: “Olha lá Zézinho, porque é respondes? Para próxima finges que na ouves que ele já nan te bate!”. Nessa noite… “Zézinho tás dormindo?”- o miúdo não lhe respondeu. O pai insistiu: “Zézinho tás dormindo ou quê?”- o Zézinho nada. Passado um bocado ouve-se a voz do pai: “Maria vira para cá a melancia!”. grita o Zézinho: “Ó pai guarde-me uma talhada!”
Dois alentejanos e um galego estavam a conversar, até que um dos alentejanos diz assim: “O pensamento é a coisa mais rápida do mundo. Uma pessoa pensa e já está.” Vai o outro alentejano e diz assim: “Não, a coisa mais rápida do mundo é a electricidade. Basta uma pessoa ligar o interruptor e acende-se logo a luz.”. E diz o galego: “Não senhora, estão todos enganados! A coisa mais rápida do mundo é a caganeira. Vejam lá que eu esta noite, não tive tempo nem de pensar, nem sequer de acender a luz! Caguei-me todo!”
Um abraço
Escusado será dizer que fui ao teu 'Para quê?' e botei resposta lá, no palavrojurássico do costume.
PALAVROSSAVRVS REX
A saga continua, anseio pelas cenas dos próximos capítulos...Será que a mãe dá lugar à filha?...
Um abraço
Compadre Alentejano
Fazia já tempo que tinha pendurado na memória a leitura dos teus Quartos. Hoje foram de enfiada. Tens os ingredientes para uma novela e pêras. Venham daí os próximos quartos.
A despropósito, sabes qual é a melhor hora do dia? Três e um quarto. Pronto, não resisti à piada brejeira :-)
Q'ganda trilema!
Tudo se arranjará. À quarta!
Abraço
Tudo pelo melhor
mesmo neste Inverno prolongado
Abraço
“新年愉快”
:)
Um dia (eu e minhas estórias para não acreditar .-)º( ...) assisti a esta cena : uma mulher muito bonita, por sinal, entre os 37/40 anos sensivelmente, apresentou-se perante uma Autoridade Pública em grande aflição denunciando o desaparecimento de sua filha menor de 16 anos. Mostrou fotografia, estava muito angustiada. Por coincidência o marido também não sabia dele há 48 horas. Presumia que procurava a enteada para aliviar a sua aflição, mas estava incontactável " o bem intencionado " maridinho". Ora eu que nunca tive capacidade para compreender esta bem intencionada natureza masculina, achei que aquilo estava nubloso, "cheirava-me a esturro". Tomadas várias providências , surge a informação de que padrastro e filhinha estão juntos, literalmente. Ela (mãe) chora, chama-o malandro, grita pobre menina, forçada a tolerar tal desmando, até que a menina telefona e diz : " oh mãe, perdoa-me mas gosto dele e sabes ninguém pode mandar no coração". O telefone nem foi desligado, a mulher contorcida pela cintura, caiu de cócoras chorando como nunca vi ninguém em tão grande agonia chorar. A tal ponto que a pessoa que estava a Serviço sem poder nada dizer limitou-se a abraçá-la e as lágrimas já corriam toda a secção.
Como é que Vossa Majestade , ainda que Rei , ousou interpor-se entre um laço desses? Palpita-me que perde ambas. Questão de tempo ...de gestão interior da decepção. E talvez elas também se percam definitivamente uma da outra .
É que nestas matérias não dá para ter um olho no burro (a) e outro no cigano (a) - :)
Mas bem Majestade, eu que não me recordo bem como isso terminou (acho que apaguei esta parte) estou cheia de curiosidade sobre a evolução desta novela principesca :).
Um beijinho amigo, ano 2012 Feliz!
Maria
Estes quartos das quartas estão a aquecer, o que não admira com tais cartas...
Um abraço.
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